terça-feira, 25 de outubro de 2011

O fim dos smartphones

O Lançamento do novo iPhone e a nova estratégia de preços da Apple marcam o fim do ciclo de vida dos smartphones (como conhecemos hoje). Com o objetivo de alcançar uma maior fatia de mercado, conquistando 1st time smartphone users, a Apple posiciona o iPhone 3Gs com plano de provedor de 2 anos a um preço de aquisição igual a 0.



Com a chegada do 3Gs a esse patamar de preços, o produto entra definitivamente na fase de declínio do seu ciclo de vida, apesar de trazer novidades nos modelos 4s. A grande mudança se refere à capacidade de armazenagem, diferencial competitivo pouco sustentável atualmente, e que deve ser rapidamente igualado ou até mesmo superado pelos concorrentes.



A estratégia da Apple, que cada vez mais se posiciona para dominar o mercado de entretenimento, usa o iPhone como um meio na busca para ampliar sua base de consumidores. Através da ampliação de opções de oferta do iPhone com preços para todos os bolsos de $0(zero) a $399 (bundling pricing) e ampliação do número de provedores/operadoras, a empresa busca ampliar sua base de clientes. Os aparelhos eletrônicos se consolidam cada vez mais como apenas um meio.

Com sua loja de Aplicativos com uma enorme variedade de aplicativos grátis ou de baixo custo e disponibilizando o conteúdo na nuvem, a Apple busca "amarrar" seus clientes no fornecimento de serviços. Com essa estratégia, a Apple que já possui uma base de clientes fiel e rentável, passa a brigar pelo mercado de massas gerando maior acesso aos smartphones e brigando cada vez mais pela venda de músicas, filmes, livros, jornais e revistas.

Existem inúmeras especulações na rede sobre quais seriam os futuros aparelhos para substituir o conceito do iPhone no futuro, alguns ainda com a foto de Steve Jobs (que infelizmente não está mais entre nós). As estimativas variam desde o iBoard, passando pelo iMat até chegar ao Invisible, entre outros.



Aproveitando essa deixa para um pouco de futurologia, particularmente sou fã do projeto desenvolvido pelo Indiano Pranav Mistry apresentado na palestra The thrilling potential of SixthSense technology que pode ser vista no TED talks http://www.ted.com/talks/pranav_mistry_the_thrilling_potential_of_sixthsense_technology.html.

Se o modelo de Mistry fosse desenvolvido pela Apple, provavelmente seria chamado iAm.

Seja qual for o iPhone do futuro, se vier novamente inovando e com uma gestão estratégica de preços eficiente, fará a Apple mais uma vez conseguir extrair o máximo do produto, (mesmo nafase de declínio) fidelizando seus clientes nos aplicativos e na nuvem, e vendendo muitas músicas, revistas, jornais e filmes. Vamos esperar...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

iValue

Como esse blog trata da criação e captura de valor, não poderia deixar passar desapercebida a morte do homem que foi responsável pela maior criação de valor nos mercados de tecnologia, música e navegação na internet da minha geração. Apesar de não ter sido uma surpresa dado seu estado de saúde, a morte do CEO/Fundador da Apple, Steve Jobs gerou uma comoção muito grande. O homem que revolucionou a indústria da música, a forma como usamos a internet e da telefonia, conseguiu um feito incrível junto à geração em que vivemos. Ele foi o primeiro CEO (e talvez venha a ser o único) que conseguiu um status de “guru” não apenas junto ao meio empresarial, mas principalmente junto aos consumidores. Grande parte dessa adoração vem exatamente da geração de valor (tangíveis e intangíveis) que Steve Jobs proporcionou aos consumidores nos últimos anos à frente da Apple. Para algumas pessoas de mais idade e que talvez não tenham grande contato com tecnologia essa comoção pode parecer infundada, pois eles podem ter dificuldade em entender o real impacto que esse executivo nos trouxe. Para as crianças que já nasceram usando a tecnologia criada pela Apple não será fácil entender a dimensão da importância do trabalho de Jobs, até por sua facilidade de uso e caráter intuitivo, uma vez que eles não terão base para comparação como funcionava antes. Não vão saber, por exemplo, que o iPhone foi primeiro aparelho a juntar telefone celular, MP3 player, navegador de internet, câmera fotográfica, agenda, gravador de voz, jogos e etc.. de maneira ágil, com utilização amigável e com um design incrível. Apenas quem viveu o antes e depois da era Jobs pode entender quanto Valor foi gerado por suas idéias. Os mais jovens e as próximas gerações vão conhecer apenas o iPhone. Just the iPhone.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Apple X Amazon. Xadrez de Valor e Estratégia Preços na Briga pelo Entretenimento




Como curioso de precificação estratégica e fã de produtos de tecnologia, tem sido muito interessante ver como está se comportando o jogo de xadrez, de proposição de valor e precificação estratégica, entre a Apple e a Amazon.

A Apple, mundialmente conhecida por seus incríveis produtos de tecnologia , tem como grande fortaleza além dos seus conhecidos produtos, que trazem uma proposta de valor que agrada ao consumidor, uma estratégia e execução de preços que serve de exemplo para todas as empresas.

Como pode ser visto na figura anexa (baseada em estudo da Vistaar Consultoria Especializada em Precificação Estratégica), a Apple traz no seu portifólio uma proposta de produto para cada faixa de preços de $59 a $2,499

Uma linha de produtos de extrema qualidade aliada a uma execução brilhante nos preços, a levaram recentemente a posição de companhia mais valiosa do mundo.

Recentemente com o Kindle fire, a Amazon entrou de vez na briga com a Apple pelo mercado de entretenimento (e não de tablets).

Com uma proposta de valor e precificação bastante interessante, a Amazon colocou seus tablets de leitura partindo de $79 posicionados muito próximos do iPod Shuffle ao iPod Touch. Além disso, traz o Fire, com uma plataforma de entretenimento bastante interessante e baseada na "nuvem", posicionada com preços abaixo do iPhone, a $199, ocupando uma área de preços por valor que a Apple deixou "vaga" em relação ao iPad, que tem como preço mínimo $499.

O jogo de xadrez está acirrado e bastante interessante, a Apple com seu vasto portifólio e relevante loja de músicas, tem mais peças no tabuleiro e vem atacando de maneira agressiva. A Amazon, por outro lado, vem atacando pelos flancos tendo como fortaleza a sua loja de livros. A briga que parece estar se dando no mercado de tablets está na verdade no mercado de entretenimento.

Estrategicamente me parece que quem dominar a mídia de massa que falta, a de filmes e séries de TV, pode desequilibrar a briga. Com isso, Netflix pode se tornar um alvo de aquisição/fusão entre as duas empresas no curto prazo.

Em relação ao vencedor dessa briga, pelo menos no curto prazo, será o consumidor.


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A China e o ouro proibido, agora disponível em vending machines


Uma coisa que sempre me intrigou a respeito do modelo chinês foi até quando o capitalismo de mercado consegue conviver com um estado que proíbe a liberdade em todos os níveis de vida da população.

Filosofias a parte para mim uma questão muito prática está no fato de que uma vez que o indivíduo tem dinheiro ele busca viver melhor e se o estado for um entrave ele vai buscar alternativas de como fugir do estado em último caso literalmente deixando o país.

Que o modelo chinês de economia e poder centralizado são economicamente mais eficientes não resta mais dúvida. Se o século passado foi o século de dois modelos de economia onde o capitalismo triunfou sobre o comunismo. Esse século já mostrou que o capitalismo quando gerido de forma centralizada e planejada para o longo prazo é muito mais eficiente. Sem a necessidade de um parlamento com mentalidade de curtíssimo prazo e conseqüentemente corrompido, como acontece nos EUA e no Brasil, China cresce e vai continuar crescendo mais do que o resto do mundo.

Paradoxalmente se como modelo econômico de longo prazo o modelo de vida para a população apresenta um risco importante ao modelo Chinês.

Como um país que proíbe os pais de terem filhos, as pessoas de falarem o que pensam vai segurar um bando de milionários e bilionários vivendo nesse lugar por muito tempo? A resposta é simples não vai. À medida que o país se deteriora e as pessoas têm dinheiro elas vão procurar sair desse país quando tiverem chance.

Em 2008 a China condenou à prisão por 14 anos o homem mais rico do país por evasão de divisas. Por que o homem mais rico do país precisou desviar dinheiro para fora? Além das incertezas em relação ao governo e de fazer um seguro, vai que...Quantos chineses estão se preparando para zarpar?

http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/05/18/china-condena-milionario-14-anos-de-prisao-por-crime-financeiro-916611634.asp

A disparada do ouro tem sim fundamento na incerteza do mercado internacional, mas tem como importante agravante a enorme população de milionários chineses ou mesmo pessoas de classe alta e média, que vão buscar cada vez mais uma forma de valor "portátil" onde eles possam levar valor com eles caso queiram deixar o país ou simplesmente fugir aos olhos do governo.

Exemplo disso é a recente criação de vending machines para a venda de barras de ouro, a população chinesa já está buscando estocar valor, como forma de garantir alguma liberdade financeira uma vez que as outras estão tolhidas pelo estado.

O Estado Chinês não está alheio a isso e por isso vem investindo pesado em infra-estrutura e em energias renováveis, para que o país seja um lugar melhor para se viver. O único investimento que ainda não dá sinais está relacionado à liberdade da população.

Se o modelo da China é sustentável no longo prazo isso vai depender da velocidade com que as pessoas vão deixar o país versus a capacidade do país de repor seus milionários, o que convenhamos não parece ser um grande problema, mas duas coisas podemos esperar:
1- chineses com bolsos cheios de ouro se espalhando ao redor do mundo.
2- O ouro continuamente subindo por muito mais tempo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Impressão 3D de Materiais, a saída para a dependência das commodities.



Uma nova tecnologia capaz de imprimir peças, partes e até alguns produtos acabados, pode revolucionar as relações comerciais entre as nações.

Essa tecnologia que possibilita a impressão de partes produzidas dos mais diversos materiais inclusive de metais pesados, pode transformar o sistema produtivo em países exportadores de matérias primas.

Países detentores de matérias primas como minerais e petróleo que hoje exportam suas mercadorias brutas para serem transformadas em países que possuem maior tecnologia no processamento, e montadas em países com mão de obra mais barata ou mais qualificada, terão a oportunidade de "encurtar" a cadeia produtiva transformando a matéria prima em material acabado.

Além da redução óbvia de custo em função da diminuição de transportes e etapas de transformação, a tecnologia ainda permite a construção de peças mais eficientes e mais leves (como mostra a reportagem "Printing Parts" de Setembro/Outubro da revista Technology Review).
http://www.technologyreview.com/energy/38352/

Países como o Brasil deveriam investir de maneira intensiva em criar polos de transformação das suas matérias primas em partes e peças de alto valor agregado, mudando a dinâmica do mercado e a sua dependência de commodities.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Prius Flex, o Deloream do Filme "De volta ao Presente"

Desde que conheci a tecnologia aplicada ao Prius da Toyota fiquei fascinado com a ideia.

Para nós leigos, funciona assim:
o Prius foi essencialmente desenvolvido para fazer melhor uso da energia. Pode circular mais de 1000 km com um único depósito de combustível. Pode trabalhar apenas com recurso do motor elétrico desde que a velocidade não ultrapasse os 45 Km/h e a bateria esteja carregada, ou pode trabalhar apenas com o motor a gasolina, neste caso, fornecendo energia à bateria. E ainda, podem estar os dois a trabalhar em conjunto recorrendo à energia do motor de combustão e dando carga na bateria para impulsionar o motor elétrico. Quando se tira o pé do acelerador ou se freia, a energia desenvolvida é aproveitada pelo motor elétrico (agora funcionando como gerador) e transformada em energia elétrica para carregamento da bateria.

Caso fosse aplicada a tecnologia flex a esse modelo, poderíamos reduzir drasticamente o consumo de gasolina, especialmente em momentos de alta dos preços do petróleo, e o mesmo seria valido para momentos de alta nos preços do álcool, dando opções ao consumidor e estimulando o consumo de carros que tem pelo menos parte de sua matriz elétrica. O melhor de tudo, sem necessitar ligar na tomada, o que em países como EUA e China (que tem grande dependência da energia de usinas de carvão), poderia significar um estrago ainda maior para o meio ambiente.

O caminho para um mundo onde tenhamos soluções mais inteligentes ecologicamente para nossos netos, passa NECESSARIAMENTE por soluções que otimizem o BOLSO do consumidor. O discurso ecológico quando usado de maneira puramente filosófica não leva a lugar nenhum.

No filme De Volta para o Futuro II o Delorean (carro que viajava no tempo) teve sua versão plutônio do primeiro filme substituída por uma máquina de reciclagem que transformava qualquer lixo em energia para a propulsão.

A redução de dependência de combustíveis fósseis passa sem dúvida pela ampliação das opções de combustíveis para um mesmo carro, e não uma única matriz energética mágica. Os carros multi combustíveis deveriam ser incentivados, mas o Prius Flex já seria um passo no caminho ao Delorean.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Ociosidade Inflacionaria

Os dois maiores entraves ao crescimento do Brasil, como vem sendo amplamente discutido em diversos meios de comunicação, são a infra-estrutura e a carga tributaria. Ate aqui nenhuma novidade. A "novidade" para qual gostaria de chamar a atenção e que a maioria dos comentaristas não tem dado muita importância diz respeito ao impacto inflacionário desses dois problemas.

Vamos começar pela carga tributaria: não apenas o altíssimo percentual cobrado da cadeia produtiva, mas a forma como ele e cobrado, inibem o setor produtivo em deixar uma parte da sua estrutura ociosa (improdutiva temporariamente) para momentos de maior demanda. Medidas como a substituição tributaria apesar de reduzirem a sonegação, estrangulam a capacidade de aumento de estoques. Essas medidas limitam o poder de redução de preços por parte das empresas numa eventual necessidade de desova de estoques obsoletos, fazendo com que as mesmas trabalhem mais próximas ao Just in time.

A enorme incidência de encargos trabalhistas diminui a velocidade de contratação. Tudo isso torna a improdutividade muito cara para as empresas, forçando-as a trabalhar com o mínimo de ociosidade possível de pessoal e de estoques, ambos os recursos necessários para atender a demanda quando essa aumenta.

A infra-estrutura, por sua vez, tem um papel ainda mais agravante nessa equação: com todo o "peso" gerado pelos tributos, o payback de uma ampliação de fabrica, a abertura de uma nova loja, ou mesmo a ampliação de um restaurante, tem que ser muito rápido para se justificar.

Com baixa ociosidade e a necessidade de um investimento alto, muitas vezes torna-se mais interessante para a empresa subir preços do que investir para aumentar a sua capacidade produtiva.

Quando esse problema e sistêmico, como e o caso, todas as vezes que temos um aumento da demanda, o estimulo que as empresas recebem e o de aumentar os preços e não sua capacidade produtiva.

Se não forem feitas reformas nesse sentido continuaremos direcionando as empresas para uma produtividade inflacionaria, que só poderá ser freada com a parada do crescimento, ou pior, teremos a retomada do espiral inflacionário.


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